Assim como já vimos nos artigos de epicondilite do tenista e do golfista, várias patologias da ortopedia estão relacionadas com movimentos repetitivos. Esse também é o caso do ombro do arremessador, que representa um conjunto de alterações nos ombros em pessoas que realizam arremesso por período prolongado.
Dentre os esportes que mais geram essa lesão estão: tênis, vôlei, handebol e beisebol. Isso pela necessidade de um movimento amplo realizado pelo ombro, com o braço saindo por trás do corpo para realizar o arremesso da bola acima do nível da cabeça.
Para entendermos sobre o movimento veja a imagem abaixo:
O ato do arremesso exige coordenação de todo o corpo, desde o momento de geração de força até o final do arremesso em si. O ombro tem função de transmitir essa força gerada pelo corpo para o braço e a mão, o que é essencial para se ter velocidade e precisão no lançamento da bola.
Como essa atividade gera um esforço prolongado, e os atletas passam por treinamento excessivo, muitas vezes com posições posturais incorretas, é comum que a cápsula posterior do ombro sofra de microtraumas e apareçam contraturas na região.
Entenda o que acontece:
Para entender melhor isso, veja a imagem abaixo. Para evitar que o úmero (osso no braço) realize movimentos muito amplificados e eventualmente se desprenda da escápula (osso das costas), existe a cápsula articular envolvendo essa articulação. Com o repetitivo movimento de arremesso, as forças geram pequenos traumas nessa cápsula.
Além disso, é observada uma retroversão do úmero nesses atletas. A combinação dessas alterações gera o primeiro sintoma nos pacientes com ombro do arremessador, que é a diminuição da rotação medial, que é o movimento do braço em direção ao centro do corpo.
Se essa restrição de movimento ocorre de forma contínua, o ombro se altera e a rotação se desvia para cima e para trás. Por conseguinte, essa rotação gera a torção de um tendão da articulação, a cabeça longa do bíceps, e pode levar a uma lesão e desprendimento do tendão, lesão chamada SLAP.
E, com essas alterações, o paciente passa a sentir dor principalmente na fase final do arremesso, sendo que também pode sentir nos momentos de repouso. Também pode ocorrer a discinesia da escápula, que são alterações na posição e movimento da escápula, acometendo os músculos da região.
Sintomas
Como já descrito anteriormente, o atleta com ombro do arremessador percebe a patologia inicialmente pela diminuição da amplitude dos movimentos do ombro, podendo ser acompanhado de fraqueza e dor na região.
A dor se apresenta principalmente quando as alterações da região já estão mais avançadas, com a SLAP por exemplo. É importante que o paciente procure um atendimento médico assim que perceber qualquer mudança, pois a prática do arremessamento constante pode levar a mais alterações com o tempo.
Diagnóstico do ombro do arremessador
O melhor diagnóstico e tratamento de um ombro do arremessador será realizado por um médico ortopedista, de preferência sendo especialista em ombro ou medicina do esporte. O diagnóstico tem um base muito importante nas perguntas realizadas sobre a rotina e as atividades praticadas.
Ademais, exames de imagem, como ultrassonografia, ressonância magnética e mesmo raio-X, são importantes para confirmar se outras doenças não podem ser a causa das dores que o paciente durante a prática do esporte.
É importante deixar claro que apesar do ombro do arremessador ser comum entre os atletas que realizam o movimento, outras doenças podem ser a causa da dor, como bursite, síndrome do impacto, tendinite, lesão do manguito rotador, luxações etc.
Tratamento do ombro do arremessador
O processo de tratamento inicial é por sessões de fisioterapia, com o objetivo de retornar os movimentos do ombro. Assim, são realizados inúmeros exercícios para alongamento do ombro, fortalecer os músculos envolvidos na articulação e reduzir os sintomas do paciente, permitindo que no futuro ele possa voltar a praticar o esporte.
E, para um retorno saudável à prática do arremesso, é preciso corrigir o movimento, de modo a evitar que as mesmas lesões se repitam. O arremesso deve ser realizado evitando colocar o braço atrás da cabeça para poupar esforços desnecessários.
Nos casos em que a lesão do ombro do arremessador já está mais avançada, e não demostra um resultado efetivo com o tratamento conservador (baseado na fisioterapia), o médico pode indicar o procedimento cirúrgico.
Mesmo nesses casos, com a cirurgia sendo realizada por vídeo (artroscopia), é importante que a fisioterapia já se inicie antes, para permitir um alívio dos sintomas e uma melhor recuperação do ombro no pós-operatório.
Importante:
O conteúdo deste artigo não substitui uma consulta médica. Caso apresente os sintomas entre em contato com um médico para um diagnóstico e tratamento que considerem seu sexo, idade, ocupação, presença de outras doenças, entre outras características. Para mais informações, agende sua consulta!
