Já temos um artigo no blog sobre a luxação de ombro, que sugiro você conferir antes. Mas o que quero comentar hoje é sobre a luxação recidivante do ombro, ou seja, quando a luxação ocorre repetidas vezes na mesma articulação.
Para isso, vamos começar revisando alguns pontos importantes
O que é luxação?
A luxação acontece quando ocorre uma perda do contato articular, ou seja, uma separação anormal dos dois ossos que costumam se apresentar em contato íntimo. No caso do ombro, temos um deslocamento do úmero em relação à cavidade glenoidal localizada na escápula.
Por que a luxação do ombro é tão comum?
Comparando o ombro com outras articulações do corpo, como quadril e joelho por exemplo, temos uma grande amplitude de movimentos com o braço permitidos pelo ombro. Para que isso aconteça, é necessário que a cavidade glenoidal seja menor curvada e proporcione menor conexão com o úmero.
Dessa forma, fica muito mais fácil que o úmero se desloque da escápula, pois a maioria das conexões que mantém os dois ossos são formados por cartilagem.
O que ocorre após a luxação?
Após a primeira luxação, o lábio da glenoide e os ligamentos da articulação sofrem lesões, a exemplo da lesão de Bankart e de Hill-Sachs. Dessa forma, pode haver mais fragilidade, facilitando que o quadro tenha recidivas.
Mas então, como ocorrem as recidivas?
Uma das explicações é a frouxidão ligamentar, que é uma diminuição da tensão promovida pelos ligamentos na articulação. Essa característica pode nascer com o indivíduo ou então ser adquirida após um trauma na própria articulação.
Quando o indivíduo apresenta sinais de movimentos mais amplos que o normal desde criança geralmente, se trata de um quadro de síndrome de hipermobilidade articular. Nesses casos, o principal tratamento se baseia no fortalecimento de toda a musculatura, com atividades supervisionadas, preferencialmente por um fisioterapeuta, que não sobrecarreguem as articulações.
Uma luxação prévia também é causa de recidivas. Isso porque as lesões geradas no lábio e nos ligamentos podem não cicatrizar perfeitamente, assim as estruturas não retornam à sua posição normal e não cumprem devidamente com sua função de proteção e segurança da articulação.
Cada vez que ocorrem novas luxações, os ligamentos da articulação em questão ficam mais alongados e as lesões podem se tornar cada vez mais graves, afetando até mesmo os ossos. Por isso, é importante que cada luxação, e principalmente as recidivas, sejam devidamente analisadas por um médico ortopedista especializado em ombro.
O médico, a partir da solicitação de exames de imagem, como radiografia, ultrassonografia e ressonância magnética, vai determinar o grau da lesão e as possibilidades de tratamento. Sendo já um caso de luxação recidivante do ombro, é possível que o tratamento conservador não seja o suficiente.
Tratamento da luxação recidivante do ombro
A primeira preocupação no caso de uma luxação deve ser a recolocação do ombro no lugar o mais rápido possível. Quando essa etapa é postergada, as lesões na cartilagem podem piorar ao ponto de se tornarem definitivas.
Para essa recolocação, analgésicos, infiltrações ou mesmo anestesia podem ser realizadas para diminuir a dor durante o procedimento.
Após isso, uma radiografia pode ser realizada a fim de comprovar um bom posicionamento do ombro. Mas, para avaliação dos ligamentos afetados, geralmente é realizada uma ressonância magnética, já que o raio X não tem uma detalhada imagem para essas estruturas.
O tratamento definitivo é a artroscopia, que é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo. Para tal, uma câmera e pinças especiais são introduzidas dentro do ombro através de pequenos cortes e as estruturas que se encontram lesadas são reparadas.
Uso de tipoia
Após o tratamento da luxação no ombro, é indicado que o paciente permanece algumas semanas de tipoia para que os tecidos cicatrizem. O tempo exato de uso da tipoia deve ser determinado pelo médico ortopedista que está acompanhando o caso, de acordo com a gravidade da luxação, a idade do paciente e sua intensidade na prática de atividade física.
Se você tiver alguma dúvida sobre essa etapa, pode conferir o artigo sobre como utilizar a tipoia clicando aqui.
Fisioterapia na luxação recidivante do ombro
A fisioterapia é indicada após o uso da tipoia, quando já existe uma estabilidade na articulação, e tem várias funções. Inicialmente, é focada na recuperação dos movimentos do ombro, que podem estar deficientes pelo tempo em repouso após a luxação.
Além de fortalecer a musculatura utilizada pela articulação do ombro, a fisioterapia também tem a função de orientar o paciente a evitar posições de risco para luxações redicivantes.
Importante:
O conteúdo deste artigo não substitui uma consulta médica. Caso apresente os sintomas entre em contato com um médico para um diagnóstico e tratamento que considerem seu sexo, idade, ocupação, presença de outras doenças, entre outras características. Para mais informações, agende sua consulta!
