Já existe aqui no blog um artigo sobre a epicondilite lateral, que acaba sendo bem mais comum de se encontrar do que a epicondilite medial na prática médica. Apesar disso, as duas doenças tem vários pontos de semelhança, como ser uma doença do cotovelo, geralmente causada por movimentos repetitivos ou excessivos que causam uma lesão degenerativa nos tendões do cotovelo, que pode causar dor na região e inflamação local.
No caso da epicondilite medial, a região afetada é a que fica próxima ao corpo quando estamos com a palma da mão para frente, na chamada posição anatômica, como mostra a imagem a seguir:

Quem pode ser afetado?
Apesar da doença também ser conhecida como “cotovelo do golfista”, essa lesão não acontece apenas nas pessoas que praticam esse esporte! Na verdade, as pessoas mais acometidas pela epicondilite medial estão entre a quarta e a sexta década de vida, que trabalham ou trabalhavam com atividade que precisam de preensão palmar forçada, com cargas altas ou exposição a forças vibratórias no cotovelo.
A doença tem essa relação com os praticantes de golfe por causa de um movimento específico realizado no esporte, o “swing”, como visto na imagem abaixo, que gera contração dos músculos e tendões do cotovelo, possivelmente ocasionando inflamação local. Mas como citado, os esportistas não são os mais afetados, pois mais movimentos como pintar, serrar e atividades manuais, também podem levar à mesma lesão.

A epicondilite medial apresenta uma incidência de 1% da população, bem menos que a epicondilite lateral como já falado antes. Existem alguns fatores, além do esforço repetitivo dos músculos da região, que podem aumentar o risco das pessoas apresentarem essa complicação, sendo que os principais são o tabagismo e a obesidade.
Sintomas da epicondilite medial
Os sintomas acontecem por causa da inflamação do tendão, que acontece em função dos microtraumas no tendão causados pelos esforços repetitivos, sendo que os mais encontrados são:
- Dor no cotovelo na região mais interna, quando o braço está esticado e a mão encontra-se virada para cima;
- Dor que se irradia para a região do antebraço;
- Dor que piora ao tentar aparafusar algo, fazer musculação ou fazer qualquer outro movimento parecido com o de jogar golfe ou com o “punho cerrado”;
- Falta de força ao segurar um copo de água, abrir uma torneira, ou num aperto de mãos;
- Pode haver sensação de formigamento no antebraço ou nos dedos.
Diagnóstico da epicondilite medial
Como a dor da epicondilite medial é bem característica, uma boa anamnese com um bom exame físico realizados por um ortopedista especializado em cotovelo são suficientes para o diagnóstico da doença. Alguns exames de imagem como ultrassonografia e ressonância magnética podem ser utilizados para confirmar o diagnóstico, medir a lesão e descartar outras possíveis patologias.
Tratamento da epicondilite lateral
Na escolha do tratamento dessa doença, o foco inicial é o alívio dos sintomas como a dor em região do cotovelo e, para tal, é necessário repouso do paciente, principalmente das atividades relacionadas aos esforços repetitivos que geraram a epicondilite, como flexão de pulso, pronação do antebraço e estresse em valgo sobre o cotovelo. O repouso também é importante para prevenir maiores lesões e gerar a cicatrização dos tendões afetados.
Para o controle da dor, pode ser indicado o uso de medicações anti-inflamatórias orais e tópicas, principalmente se houver um processo inflamatório presente. Infiltrações também podem ser indicadas em casos com elevados níveis de dor na região.
Em geral, a reabilitação baseia-se no alongamento da musculatura flexora, o que é conquistado com sessões de fisioterapia e reabilitação. Em último caso, e após avaliação individualizada, pode ser sugerida a intervenção cirúrgica aberta, que pode incluir liberação dos tendões epicondilares com reinserção e desbridamento local.
Como prevenir o surgimento das lesões?
A prevenção é importante para todas as pessoas, mas principalmente para aquelas que já sofreram a epicondilite medial, evitando novas crises e retorno da dor. Alongamento e fortalecimento devem ser realizados, com ajustes no ambiente de trabalho de forma a evitar a flexão repetitiva do punho e dedos, e para evitar o movimento de flexão forçada do punho no casos dos esportes.
