Cotovelo do tenista: a epicondilite lateral

O nosso cotovelo é uma articulação entre o úmero (osso do braço) e os dois ossos do antebraço, a ulna e o rádio. Na extremidade dessa articulação, o úmero apresenta duas saliências ósseas, os epicôndilos, sendo um lateral (do lado de fora do corpo) e outro medial (do lado interno), que tem função de inserção e de sustentação aos músculos do antebraço.

Epicôndilos medial e lateral
Epicôndilos medial e lateral

O movimento repetitivo pode ser a causa dessa lesão e pode estar relacionada a inflamação local. Quando a lesão afeta os tendões dos músculos que nascem no epicôndilo lateral, essa condição também pode ser chamada de cotovelo do tenista, ou, falando de uma forma mais bonita, a epicondilite lateral.

Músculos inseridos no epicôndilo lateral
Aqui observamos os músculos do antebraço que nascem no epicôndilo lateral

Quem pode ser afetado?

Mas não se engane, essa lesão não é específica de pessoas que praticam tênis! Na realidade, este grupo de pacientes corresponde apenas a uma pequena parcela dos pacientes que sentem essa dor, sendo que a maioria dos acometidos são da população geral. Geralmente, são pacientes por volta dos 40 anos de idade. Esse nome surgiu pois os movimentos praticados por tenistas muitas vezes desencadeiam a lesão citada, em movimentos errados ou ainda quando a tensão das cordas da raquete não está ajustada.

A epicondilite lateral é geralmente causada por sobrecarga mecânica dos tendões extensores do antebraço, que justamente estão inseridos no epicôndilo lateral, como vimos anteriormente.  O movimento característico do tênis, o chamado backhand, que é a movimentação da mão de perto do abdome para fora com a palma girada para dentro, envolve uma contração prolongada dos tendões extensores e pode gerar tal sobrecarga.

Movimento backhand com a mão direita
Movimento backhand com a mão direita.

E olha só, pessoas que precisam manter sustentação do braço e antebraço na mesma posição por tempo prolongado, como o uso de mouse no computador, ou que realizam movimentos repetitivos dessa região, em carpintaria, com máquinas, ou com digitação excessiva, também estão sujeitas a desenvolver a epicondilite lateral.  E também existem os casos de causa não identificada, e esses casos são difíceis para identificar.

Sintomas da epicondilite lateral

A epicondilite lateral é a principal causa de dor na região do cotovelo, sendo uma dor na face lateral do cotovelo, na parte de fora, sendo que essa dor também é o principal sintoma. A dor pode irradiar, correr para a região do antebraço, perto da mão, e geralmente apresenta piora nas atividades com punho fechado à força, como segurar objetos, como por exemplo uma cuia de chimarrão ou pegar as sacolas do mercado.

A dor pode iniciar de forma lenta e quietinha ou ainda repentina, a depender do estímulo causador, que pode ser até mesmo um toque na região. Ela pode inclusive incomodar e prejudicar a realização de atividades comuns, tais como escovar os dentes, abrir uma porta, escrever ou levantar uma térmica com água para um chimarrão. Quanto maior a inflamação ou degeneração do tendão, mais presente é a dor.

Diagnóstico da epicondilite lateral

O diagnóstico clínico é bastante sugestivo, com dor à palpação sobre essa região do epicôndilo lateral, onde pode existir inchaço. O ortopedista consegue confirmar o diagnóstico com alguns testes sugestivos no exame físico, já que pode existir dor ao esticar o cotovelo e ao realizar alguns movimentos de extensão do punho ou dedos com algum tipo de resistência. Esses testes são bem fáceis e rápidos para serem realizados pelo ortopedista.

Algumas vezes, precisamos fazer alguns exames para confirmar a lesão ou mesmo afastar outras causas de dor no cotovelo que são menos comuns. O exame de ultrassonografia de cotovelo pode contribuir com a avaliação dos músculos e dos tendões. A ressonância magnética  tem sido cada vez mais utilizada, por sua avaliação mais completa dos tendões, estruturas ósseas e cartilagem, sendo que o achado mais comum pela ressonância é a tendinopatia do músculo extensor comum (espessamento do tendão com pequenas fissuras no seu interior). Vale lembrar que provavavelmente farei um exame com meu aparelho portátil, tudo bem?

Tratamento da epicondilite lateral

O tratamento da epicondilite lateral envolve várias modalidades e depende de vários fatores: tempo de evolução; causa; nível de limitação; atividade profissional do paciente, entre outros. É importante ressaltar que a maioria dos casos de epicondilite lateral (70% a 80%) tem um curso autolimitado que se resolve espontaneamente em 3 meses, ou seja, tem um início e um final.

Em alguns casos, as lesões tornam-se crônicas, levando a limitações de longo prazo. Aqui, devemos ter bastante cuidado e calma. O tratamento ideal deve ser individualizado pelo seu médico com base no estágio da lesão e no grau e limitações da dor, e existe uma variedade de modalidades terapêuticas, tanto conservadoras quanto cirúrgicas.

Considerando a possibilidade de curso aultolimitado, ou seja, que a doença irá se resolver, o tratamento inicial é conservador, objetivando o controle da dor. A principal medida que sempre comento é o repouso, restrições das atividades repetitivas, tanto ocupacional como esportivas, além de mudanças em alguns hábitos da rotina diária. Alguns pacientes trabalham em salão de beleza, outros são digitadores, músicos ou ainda trabalham cortando aves em indústrias. São pacientes que realizam muitas atividades repetitivas e precisamos fazer um pouco de repouso para melhorar as dores.

Dependendo o caso, pode ser recomendado o uso de crioterapia (uso de gelo local) analgésico, antiinflamatório e até mesmo infiltração com corticóides guiado com aparelho de ultrassom. O tratamento cirúrgico deve ser pensado quando existe dor permanente e sem resposta aos tratamentos convencionais. Vale colocar que são pouquíssimos pacientes que necessitam do tratamento cirúrgico.

Como prevenir um quadro de epicondilite lateral?

A prevenção desse quadro foca na realização de forma adequada das atividades laborais e dos esportes, com alongamentos antes e após os exercícios, com manutenção da postura nas atividades laborais. O ideal é que sejam evitadas as atividades repetitivas e os esforços estáticos com os membros superiores.

Exemplo de alongamento para epicondilite lateral, que deverá ser feito 3 vezes por dia.

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Dr. Gustavo Vicenzi

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